Trump condiciona sanções à Rússia a fim de compra de petróleo pela Otan
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs nesta quarta-feira (22), pela primeira vez em seu segundo mandato, sanções à Rússia devido à guerra contra a Ucrânia.
A medida atinge as petrolíferas russas Lukoil e Rosneft — as maiores do país — e ocorre em meio ao crescente descontentamento de Trump com o presidente Vladimir Putin em relação ao conflito.
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Em nota, o Tesouro dos EUA destacou que as sanções incluem o bloqueio de bens e a proibição de transações das empresas e de suas subsidiárias. Alertou também para o risco de “sanções secundárias”.
O texto afirma que “todos os bens e interesses em bens” relacionados às duas empresas e que estejam nos EUA ou sob posse ou controle de pessoas em território norte-americano “estão bloqueados e devem ser comunicados à OFAC [Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA]”.
Nesta quarta-feira, países da União Europeia (UE) também aprovaram o 19º pacote de sanções contra Moscou por sua guerra contra a Ucrânia, incluindo a proibição de importações de gás natural liquefeito da Rússia.
As sanções de Trump vieram após o Reino Unido também ter sancionado, na semana passada, as petrolíferas Lukoil e Rosneft.
Em sua nota, o Tesouro dos EUA afirmou estar preparado para tomar ações adicionais e pediu que Moscou concorde imediatamente com um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
“Diante da recusa do presidente Putin em encerrar essa guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas de petróleo da Rússia, que financiam a máquina de guerra do Kremlin”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent. “Incentivamos nossos aliados a se unir a nós e a aderir a essas sanções.”
Os preços do petróleo saltaram mais de US$ 2 por barril após as medidas dos EUA, com os futuros do Brent ampliando os ganhos após o fechamento, chegando a cerca de US$ 64.
Mudança na rota
As sanções representam uma grande mudança de política para Trump, que até então não havia imposto sanções à Rússia por causa da guerra, preferindo depender de medidas comerciais. No início deste ano, Trump aplicou tarifas adicionais de 25% sobre produtos da Índia em retaliação pela compra de petróleo russo com desconto.
Os EUA não impuseram tarifas à China, outro grande comprador de petróleo russo. Um teto de preço de US$ 60 para o petróleo russo, imposto pelos países ocidentais após a invasão da Rússia, deslocou os clientes de petróleo russos nos últimos anos da Europa para a Ásia.
Trump disse a repórteres no Salão Oval nesta quarta-feira que cancelou uma cúpula planejada na Hungria com Putin porque não parecia o momento adequado.
O republicano também disse esperar que as sanções às empresas petrolíferas russas não precisem permanecer por muito tempo.
No ano passado, Trump declarou que prefere remover sanções rapidamente devido aos riscos que as medidas podem trazer à dominância do dólar nas transações globais. A Rússia frequentemente pediu pagamentos por petróleo em outras moedas.
‘Não pode ser uma única ação’
Analistas afirmaram que as medidas foram um passo importante e há muito esperado.
“Não pode ser apenas uma ação única”, disse Edward Fishman, ex-funcionário dos EUA e atualmente pesquisador sênior na Universidade de Columbia. Ele acrescentou que a questão agora é se os EUA ameaçam sanções contra qualquer pessoa que faça negócios com Rosneft e Lukoil.
Jeremy Paner, ex-investigador de sanções do Tesouro e agora sócio do escritório Hughes Hubbard & Reed, afirmou que a ausência de bancos e compradores de petróleo da Índia ou da China nas sanções de quarta-feira significa que “isso não chamará a atenção de Putin”.
Um alto funcionário ucraniano, entretanto, disse que a medida foi “uma ótima notícia” e que as duas empresas de energia russas estavam entre os alvos de sanções dos EUA já propostos por Kiev no passado.
O Tesouro também sancionou dezenas de subsidiárias da Rosneft e da Lukoil. As medidas bloqueiam os ativos nos EUA das entidades designadas e impedem que americanos façam negócios com elas.
A embaixada russa em Washington e a missão da Rússia nas Nações Unidas, em Nova York, não responderam imediatamente a pedidos de comentário sobre as sanções.
* Com informações da agência de notícias Reuters.
Donald Trump
REUTERS/Kevin Lamarque