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Rei Charles III e papa Leão XIV rezam juntos no Vaticano em gesto inédito desde ruptura religiosa há 500 anos

Papa Leão XIV (à esquerda) e rei Charles III, do Reino Unido, durante audiência privada no Vaticano em 23 de outubro de 2025.
Vatican Media/Handout via REUTERS
O rei Charles III visitou o Vaticano nesta quinta-feira (23) para um encontro histórico com o papa Leão XIV onde os dois rezarão juntos na Capela Sistina, em uma cerimônia ecumênica sem precedentes desde o cisma anglicano há cinco séculos.
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O rei britânico, que exerce o papel de governador supremo da Igreja Anglicana, da Inglaterra, chegou ao Vaticano pouco antes das 6h no horário de Brasília. Ele está acompanhado de sua esposa Camilla. A reza com o papa Leão XIV, o ponto alto da visita, teve início pouco depois das 7h, também de Brasília.
A religião anglicana nasceu em 1534, em uma cisão provocada pelo rei inglês Henrique VIII por conta de uma recusa do papa em anular seu casamento com Catarina de Aragão. Desde então, as Igrejas Católica e Anglicana são separadas.
Tanto o Vaticano quanto o Palácio de Buckingham chamaram o encontro desta quinta de histórico. “Um momento histórico nas relações entre anglicanos e católicos e terá dois temas centrais: unidade cristã e cuidado com o meio ambiente”, afirmou a Santa Sé. Segundo a realeza britânica, a reza entre os dois líderes religiosos “marcará um momento importante nas relações entre a Igreja Católica e a Anglicana”.
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Em 1961, a rainha Elizabeth II, mãe de Charles III, tornou-se a primeira monarca britânica a visitar o Vaticano desde o cisma entre católicos e anglicanos. Para Charles III, este é seu primeiro encontro com o novo chefe da Igreja Católica, que sucedeu o papa Francisco após sua morte em abril. Leão XIV foi eleito em conclave em maio.
Embora papas, por décadas, tenham construído relações amistosas com a Igreja da Inglaterra e a Comunhão Anglicana mais ampla, rumo a uma maior unidade, as duas igrejas continuam divididas por questões como a ordenação de mulheres sacerdotes, que a Igreja Católica proíbe.
Durante a visita a Roma, Charles também receberá formalmente um novo título e reconhecimento em uma basílica pontifícia que tem fortes laços tradicionais com a Igreja da Inglaterra, São Paulo Extramuros. O título “Confrade Real” é um sinal de comunhão espiritual e foi retribuído por Charles: Leão XIV recebeu o título de “Confrade Papal da Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor”.
A visita do rei Charles III ao Vaticano ocorre em um momento delicado para o monarca britânico, porque seu irmão Andrew enfrenta novas revelações comprometedoras no caso do criminoso sexual Jeffrey Epstein.
‘Acontecimento histórico’
Papa Leão XIV (no centro) com o rei Charles III, do Reino Unido, e sua esposa, a rainha Camilla, durante audiência privada no Vaticano em 23 de outubro de 2025.
Vatican Media/Handout via REUTERS
O principal momento da visita de Charles III foi a cerimônia ecumênica na quinta-feira (23) na Capela Sistina, durante a qual o pontífice e o rei britânico rezaram juntos.
O tema central do ofício ecumênico foi a proteção da natureza, uma causa com a qual Charles III está profundamente comprometido.
A cerimônia religiosa combinou tradições católicas e anglicanas, com a atuação conjunta dos corais das capelas Sistina e de São Jorge de Windsor.
“É um evento histórico”, afirmou William Gibson, professor de História Eclesiástica na Universidade Oxford Brookes, à agência de notícias AFP.
Gibson recordou que o soberano britânico é obrigado por lei a ser protestante. “De 1536 a 1914, não houve relações diplomáticas oficiais entre o Reino Unido e a Santa Sé”, explicou o professor. O Reino Unido só abriu uma embaixada no Vaticano em 1982.
Em 2013, a lei foi levemente flexibilizada para permitir que os membros da família real que se casem com católicos possam conservar seu lugar na linha de sucessão, recordou Gibson. Até então, caso o fizessem, deveriam renunciar a qualquer aspiração ao trono.
Durante sua visita, Charles III e Camilla também participarão de outro serviço religioso ecumênico na Basílica de São Paulo Extramuros, em Roma. Durante a cerimônia, o rei será nomeado “confrade real”.
Para a cerimônia, foi criado um assento especial para o monarca, que permanecerá na basílica e poderá ser utilizado no futuro por seus sucessores no trono britânico.
Celebração do Jubileu
Durante a visita, Leão XIV e Charles III celebrarão juntos o Ano do Jubileu, ou Ano Santo da Igreja Católica, que acontece a cada 25 anos e atrai milhões de peregrinos ao Vaticano.
A visita de Estado começa um dia após a publicação das memórias póstumas de Virginia Giuffre, principal acusadora no caso do pedófilo Jeffrey Epstein.
No livro, a mulher relata que foi usada como escrava sexual por Epstein e revela que teve relações sexuais com o príncipe Andrew, irmão de Charles, três vezes. Uma delas ocorreu quando Giuffre tinha apenas 17 anos.
Andrew anunciou na sexta-feira, sob pressão de Charles III, sua renúncia ao uso do título de duque de York, após a publicação na imprensa de trechos do livro de Giuffre.
O príncipe, de 65 anos, já estava excluído desde 2019 dos atos públicos da família real devido ao escândalo.
Por sua vez, o rei Charles III, 76 anos, continua recebendo tratamento para um câncer, diagnosticado no início de 2024, cuja natureza não foi divulgada ao público.
O monarca já visitou o Vaticano em várias ocasiões. O casal real se reuniu com o antecessor de Leão XIV, o papa Francisco, em 9 de abril, 12 dias antes da morte do pontífice argentino.
O encontro na Santa Sé aconteceu no âmbito de uma visita de Estado à Itália.

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