Trump diz que ‘aliados do Oriente Médio’ concordaram em entrar na guerra em Gaza ‘se o Hamas continuar a agir mal’
Vice-presidente americano tenta salvar cessar-fogo em Gaza
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que “aliados do Oriente Médio” podem entrar na Faixa de Gaza para ajudar Israel na guerra caso o grupo terrorista Hamas continue a “agir mal”.
A declaração, dada em um post na rede Truth Social nesta terça-feira (21), ocorre dois dias depois que o próprio Trump garantiu que o acordo de cessar-fogo continuava em vigor mesmo após as Forças Armadas israelenses voltarem a bombardear o território palestino.
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Um ataque de membros do Hamas a militares do país, violando o acordo, foi a justificativa dada para o ataque.
“Vários dos nossos agora grandes aliados no Oriente Médio e em áreas ao redor dele me informaram, de forma explícita e enfática, com grande entusiasmo, que acolheriam com satisfação a oportunidade, a meu pedido, de entrar em Gaza com uma força pesada e ‘endireitar o nosso Hamas’ se o Hamas continuar a agir mal, violando o acordo que assinaram”, escreveu.
Trump não especificou que países são esses aliados. Citou apenas a Indonésia, que chamou de “poderoso país” com “maravilhoso líder”. Prabowo Subianto é o atual presidente, um político de direita.
Apesar da renovação das ameaças contra o grupo terrorista, o presidente dos EUA afirmou que ainda não chegou o momento de desistir do cessar-fogo e que acredita que ‘ainda há esperança’.
“Eu disse a esses países e a Israel: ‘Ainda não’. Ainda há esperança de que o Hamas faça o que é certo. Se não o fizerem, o fim do Hamas será rápido, furioso e brutal”, prometeu.
O vice-presidente americano, J.D. Vance, chegou a Israel nesta terça-feira para tentar avançar nas negociações de paz (veja no vídeo acima). O principal desafio é fazer o grupo terrorista aceitar se desmilitarizar.
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza durante cúpula no Egito em 13 de outubro de 2025.
REUTERS/Suzanne Plunkett/Pool
No domingo (19), Donald Trump garantiu que o cessar-fogo que ele ajudou a intermediar entre Israel e o grupo terrorista Hamas continuava em vigor, após o exército israelense realizar dezenas de ataques em Gaza devido a aparentes violações da trégua pelo grupo militante palestino.
“Sim, está.Mas, de qualquer forma, isso será tratado da maneira adequada. Será tratado com firmeza, mas de forma adequada”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One.
Ele também sugeriu que a liderança do Hamas não esteve envolvida em nenhuma das supostas violações, atribuindo-as “a alguns rebeldes internos”.
Israel volta a bombardear Gaza após acusar Hamas de romper cessar-fogo e atacar militares
O governo israelense afirmou que aviões atacaram alvos no sul de Gaza após o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, ordenar uma “forte retaliação” aos supostos ataques do grupo terrorista, que romperia a trégua vigente.
Em comunicado, o Hamas negou que tenha atacado militares israelenses dentro da Faixa de Gaza.
O governo local, controlado pelo Hamas, disse que 33 pessoas morreram no ataque.
A escalada é a primeira grande ameaça ao cessar-fogo entre as duas partes, implementado há quase dez dias com base em um acordo promovido pelos Estados Unidos que também permitiu o retorno dos reféns a Israel.
Como retaliação, Israel também interrompeu a entrada de ajuda humanitária em Gaza até “segunda ordem”, segundo disseras às agências de notícias Reuters e Associated Press fontes do governo israelense.
Em paralelo, o Hamas anunciou ter encontrado mais um corpo de um refém morto em cativeiro — cuja devolução é um dos pontos do acordo entre as duas partes, mas disse que pode interromper a entrega dos corpos caso Israel siga com os bombardeios.
Horas depois do ataque, as Forças de Defesa de Israel soltaram uma declaração nas redes sociais. Confirmaram o ataque a “alvos terroristas”, como “instalações de armazenamento de armas, postos de tiro, células terroristas e infraestrutura terrorista adicional do Hamas”, mas afirmaram estar retomando o cessar-fogo:
“Em conformidade com a diretriz da cúpula política, e após uma série de ataques significativos em resposta às violações do Hamas, as Forças de Defesa de Israel (IDF) retomaram a aplicação do cessar-fogo, em conformidade com os termos do acordo. As IDF continuarão a cumprir o acordo de cessar-fogo e responderão firmemente a qualquer violação do mesmo”.
Duas testemunhas palestinas disseram à agência de notícias AFP que foram registrados confrontos em uma parte da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, ainda sob controle de Israel, seguidos por dois ataques aéreos.
Segundo uma das testemunhas, os “aviões de combate efetuaram dois ataques aéreos em Rafah, em uma zona sob controle militar israelense”.
Outra testemunha afirmou que antes dos ataques ocorreram “confrontos” entre membros do movimento islamista palestino Hamas e outro grupo armado palestino, também em uma zona “sob controle militar israelense”.
Grupo terrorista Hamas pede ajuda internacional para encontrar corpos de reféns em Gaza
Reprodução/TV Globo
Trump: ‘Se o Hamas continuar a matar pessoas em Gaza, não teremos escolha a não ser entrar
Por sua vez, o oficial israelense, que não confirmou os ataques aéreos, afirmou à AFP que combatentes do Hamas haviam atacado as forças de Israel em uma zona sob controle do país, com tiros e um lança-granadas.
O oficial acrescentou que o fato representa “uma violação flagrante do cessar-fogo”.
A trégua que entrou em vigor em 10 de outubro na Faixa de Gaza persiste, mas desde então foram registrados vários incidentes com mortes de cidadãos palestinos.
O Hamas também denunciou “diversas violações” ao cessar-fogo por parte de Israel, incluindo as mortes de 37 pessoas por tiros das forças israelenses desde o início do cessar-fogo.