Rede+ Noticias

Você Informado Sempre!

Automobilismo

ENTREVISTA: Langrafe, diretor da Honda, conta planos para novo WR-V e futuro de híbridos flex da marca

Marcelo Langrafe trabalha há 27 anos na Honda e assumiu a diretoria comercial de carros há pouco mais de 11 meses
Kaique Mattos | g1
A Honda tem perdido espaço no mercado brasileiro. Parte do que explica a menor participação da marca no país é o encarecimento dos carros — que, em meio ao repasse de custos de importação e aos altos juros do país, tem se tornado cada vez menos acessíveis aos consumidores brasileiros.
Além disso, a chegada dos carros chineses, mais atrativos e com preços mais competitivos que os da fabricante japonesa, tem intensificado a concorrência para a Honda no Brasil.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Carros no WhatsApp
Enquanto os concorrentes oferecem uma vasta lista de configurações, por exemplo, a Honda ainda comercializa a 11ª geração do Civic em versão única. Veja os preços dos sedans médios vendidos pela Honda, Toyota e BYD:
Honda Civic Advanced Hybrid: R$ 265.900;
Toyota Corolla XEi: R$ 171.590;
Toyota Corolla Altis Premium: R$ 199.490;
Toyota Corolla GLi HEV: R$ 189.000;
Toyota Corolla Altis Premium HEV: R$ 199.990;
Toyota Corolla GR-Sport: R$ 199.790;
BYD King GL PHEV: R$ 169.990;
BYD King GS: R$ 175.990.
É na tentativa de conter o avanço das fabricantes chinesas que montadoras tradicionais têm investido na modernização de suas fábricas no Brasil. Nos últimos meses, Volkswagen, Chevrolet e Toyota anunciaram aportes bilionários para renovar suas linhas de produção e lançar novos modelos.
Com a Honda não é diferente: a marca japonesa prometeu investir R$ 4,2 bilhões na modernização de sua operação até 2030.
Parte desse plano inclui a produção nacional do novo WR-V, que estreia em novembro no segmento de SUVs subcompactos, e chega para competir com Toyota Yaris Cross, Renault Kardian e Volkswagen Tera. O modelo será exibido ao público durante o Grande Prêmio de Fórmula 1 de São Paulo, segundo Marcelo Langrafe, diretor comercial da Honda Automóveis do Brasil, em entrevista exclusiva ao g1.
O anúncio do investimento, feito em abril de 2024, começa a render frutos em um momento estratégico: a chinesa BYD tem se consolidado como uma das principais ameaças às marcas tradicionais.
Nos últimos meses, superou a Renault em emplacamentos e já ultrapassou a própria Honda, que caiu da sétima para a oitava posição no ranking nacional de montadoras entre janeiro e setembro de 2025, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Confira o ranking de participação no mercado brasileiro:
Volkswagen: 18,11%;
Fiat: 15,70%;
Chevrolet: 10,93%;
Hyundai: 9,64%;
Toyota: 7,21%;
Jeep: 6,10%;
BYD: 5,41%;
Honda: 5,21%;
Renault: 4,94%;
Nissan: 3,68%.
“É um mercado extremamente competitivo”, reconhece Marcelo Langrafe, diretor comercial da Honda Automóveis do Brasil, em entrevista ao g1.
No cargo há pouco mais de um ano, Langrafe passou a maior parte de seus 27 anos de empresa atuando no setor de motocicletas, onde a Honda lidera com quase 70% do mercado. Agora, ele enfrenta o desafio de tornar os automóveis da marca mais atrativos para o consumidor brasileiro.
Atualmente, o grande destaque da Honda é o HR-V, quarto SUV mais vendido do país, segundo a Fenabrave. No entanto, o restante da linha patina: o Civic, por exemplo, ocupa apenas a sexta posição entre os sedãs médios, atrás do BYD King, enquanto o City Sedan é o terceiro em seu segmento — perdendo para Onix Plus e Virtus — e o City hatch fica na sexta colocação, atrás até do Dolphin Mini, modelo de entrada da BYD.
Além do WR-V, Langrafe revelou que a marca prepara outro lançamento para este ano, mas os detalhes seguem em sigilo. Em entrevista ao g1, o diretor também falou sobre a tecnologia híbrida flex, ainda em desenvolvimento pela montadora; sobre as instabilidades da economia brasileira e sobre a estratégia da marca para tornar os carros importados mais palatáveis para o consumidor.
Veja a entrevista na íntegra no vídeo abaixo:
G1 Carros entrevista Diretor Comercial da Honda Automóveis do Brasil
A seguir, clique nos links para assistir aos cortes com os principais destaques:
Híbridos flex: aposta atrasada;
Juros altos e consumidores que pagam à vista;
Investimento e produção;
Importados: carros perdem capacidade de competir com rivais;
De líder nas motos ao desafio nos carros.
Híbridos flex: aposta atrasada
Honda está atrasada na eletrificação e foco atual é híbrido flex
Apesar da pressão das rivais, a Honda adota cautela na eletrificação. Segundo Langrafe, a marca investe em híbridos flex desenvolvidos no Brasil, mas ainda sem previsão de lançamento.
“Nós temos uma estratégia de eletrificação que será aplicada gradualmente, conforme a demanda do mercado. O importante é que haja condições iguais de competição, para que isso seja positivo para o Brasil”, afirma o executivo.
Por enquanto, apenas a Toyota oferece carros híbridos flex no país, como o Corolla e o Corolla Cross. Mesmo assim, as vendas são tímidas: de janeiro a agosto, apenas 12,9% dos Corollas e 15,6% dos Corolla Cross vendidos foram da versão híbrida flex.
Langrafe acredita que o etanol será fundamental nessa transição. “A tecnologia híbrida é a ponte entre a combustão e o elétrico, e o etanol é o grande legado do Brasil.”
Atualmente, a Honda já comercializa híbridos importados, como CR-V, Accord e Civic, mas os preços elevados limitam o alcance desses modelos. A promessa é de uma transição gradual e adaptada à realidade brasileira.
Volte ao início.
LEIA MAIS
Honda HR-V 2026 é um SUV de poucas novidades, mas de muitos acertos; veja o teste
Toyota Corolla Cross híbrido se esforça para peitar chineses, mas sofre com motor fraco; VÍDEO
Expansão, novos carros e desmanche: os planos da Toyota para os R$ 11,5 bilhões em investimentos no Brasil
Juros altos e o perfil dos consumidores brasileiros
Honda não reconhece dificuldade de crédito para compra de seus carros
O cenário macroeconômico também preocupa Langrafe. Com a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, a compra de bens duráveis tende a ser adiada pelos consumidores.
“Sem dúvida, a taxa de juros influencia a decisão do consumidor”, reconhece Langrafe. Ainda assim, segundo ele, 75% dos clientes da Honda compram à vista, o que ajuda a minimizar o impacto da inadimplência.
Questionado sobre a possibilidade de produzir no Brasil modelos atualmente importados — como CR-V, ZR-V e Civic —, Langrafe preferiu não dar detalhes. “Estamos atentos às necessidades dos brasileiros. Se houver oportunidade, vamos considerar. Mas, neste momento, não posso revelar nossas estratégias”, desconversa.
Volte ao início.
Investimento e produção
Honda aposta em consumidor de até 50 anos para compensar juros altos
Com um investimento de R$ 4,2 bilhões até 2030, a Honda pretende ampliar a capacidade produtiva de sua fábrica em Itirapina (SP). “A partir de dezembro, a planta vai operar em dois turnos completos, com capacidade anual de 120 mil veículos”, afirma o executivo.
Mesmo com a expansão, a Honda ainda fica atrás da Toyota, que produz 268 mil veículos por ano em suas duas fábricas localizadas em Sorocaba (SP).
Volte ao início.
Importados: carros perdem capacidade de competir com rivais
Não deve ser agora que o Honda Civic voltará a competir com o preço do Toyota Corolla
A tradicional disputa entre Civic e Corolla, que durou décadas, perdeu força. A decisão da Honda de importar o Civic elevou os preços e reduziu as vendas, enquanto a Toyota fortaleceu sua linha de produção nacional.
Para Langrafe, não há desequilíbrio. “Está dentro do plano que estabelecemos para esses modelos”, afirma.
Volte ao início.
Da liderança nas motos ao desafio no mercado de carros
Desafios da Honda para lidar com o mercado de carros
Langrafe passou grande parte da carreira na divisão de motocicletas da Honda, onde ocupou diferentes funções ligadas às vendas. Nesse segmento, a marca mantém uma liderança sólida há quase 40 anos, com cerca de 70% de participação no mercado — um domínio raro no setor automotivo global.
Essa trajetória proporcionou ao executivo uma rotina mais estável do que a que enfrenta atualmente à frente da operação de automóveis. “O setor de motocicletas é um mercado construído basicamente pela Honda. Temos um portfólio diversificado, de alta qualidade, e uma participação única em nível global”, diz Langrafe.
A comparação com o universo das motocicletas ajuda a explicar o tamanho do desafio. “Se traçarmos um paralelo, o mercado de automóveis se assemelha ao de motos de alta cilindrada, que é extremamente competitivo”, conclui o diretor comercial da Honda Automóveis do Brasil.
Diretor Comercial da Honda, Marcelo Langrafe
Kaique Mattos | g1
Volte ao início.

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *