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Glitter no carro e na casa do ex: por que limpar será tão difícil? Física e química mostram ‘tamanho da vingança’

Por que tirar glitter dá tanto trabalho?
Rafaela Bressan, de Cuiabá, viralizou nas redes sociais com sua ideia “brilhante”: após descobrir que foi traída pelo ex-namorado, simplesmente jogou sete quilos de glitter no carro e no apartamento dele.
Para entender quão trabalhoso será limpar tudo, vamos recorrer à ciência (e ainda revisar conteúdos de química e de física cobrados no Enem). Os principais fatores envolvidos na vingança foram:
tamanho e formato das partículas;
eletricidade estática;
forças de Van der Waals.
Quem já foi para qualquer bloco de Carnaval sabe como o glitter tem uma sobrevida impressionante — parece até que se reproduz na pele, nas roupas e no box do banheiro (durante dias e mais dias). Imagine isso em uma escala muito maior, com brilhos espalhados no vaso sanitário, no volante do carro, nos utensílios da cozinha…
1 – 🪩Tamanho e formato das partículas
Ex-namorada espalha glitter em carro e em apartamento de homem que supostamente a traiu
Reprodução/Redes sociais
O glitter é formado por partículas minúsculas, que medem entre 50 e 200 micrômetros (milésimos de milímetro).
Cada uma delas é plana e com bordas afiadas, o que facilita o “encaixe” em tramas de tecidos e em ranhuras de superfícies.
Por serem extremamente leves, basta um pequeno movimento para que elas se espalhem pelo ar e se depositem em outros locais.
“As partículas de glitter estão na casa dos micrômetros, o que significa que a massa de cada uma é muito pequena”, explica Emerson Junior, professor de física do Cursinho da Poli. “A partícula é tão leve, mas tão leve, que qualquer força fraca, como a de Van der Waals [entenda mais abaixo], já é suficiente para mantê-la colada em outro material.”
Madson Molina, do Curso Anglo, complementa:
“Diferentemente de uma forma esférica, um formato mais achatado (ou de folha) das partículas faz com que a área de contato delas com as superfícies seja maior. Consequentemente, a interação entre elas também vai ser maior. Isso dificulta a remoção”, diz.
2-⚡ Eletricidade estática
As partículas de glitter são compostas por plástico e metal. Essa composição costuma contribuir para o acúmulo de cargas elétricas estáticas.
Isso acontece quando há transferência de elétrons entre dois materiais que estão em atrito. O elétron tem carga negativa, certo? Então, quem perde elétrons fica carregado positivamente, e quem ganha elétrons fica carregado negativamente.
É aquela máxima da física: opostos se atraem. Logo, o glitter vai sair grudando em tudo.
E por que o plástico vai ser essencial nesse processo?
Ele é o material predominante e funciona como isolante elétrico: ou seja, não permite que as cargas se dissipem muito facilmente.
Então, quando ocorre a atração entre o glitter e o outro objeto, como o tecido do banco do carro, o plástico acaba “aprisionando” as cargas elétricas.
Isso faz com que o glitter continue eletricamente carregado por um bom tempo.
E, em ambientes secos, com baixa umidade do ar, fica ainda mais difícil neutralizar a carga elétrica. É o caso do interior do automóvel, por exemplo.
3- ✨ Forças de Van der Waals
As forças de Van der Waals são atrações fracas, mas constantes, entre moléculas muito próximas.
Funcionam como minivelcros invisíveis entre as partículas do glitter e a superfície onde elas grudam.
Essas forças atuam em distâncias minúsculas e são especialmente poderosas para partículas planas e leves, como o glitter. Elas explicam também como lagartixas conseguem ficar “grudadas” na parede, mesmo na vertical.
Juntas, a eletroestática e as forças de Van der Waals fazem com que o glitter pareça impossível de ser removido — ele fica literalmente “abraçado” aos tecidos, plásticos e à pele.
Como tentar remover o glitter?
O glitter é hidrofóbico, ou seja, não tem afinidade com água. Se você apenas jogar água ou passar um pano molhado, ele não sai — apenas escorrega e se espalha.
O ideal é usar um pano levemente umedecido com uma mistura de água e amaciante. Esse produto de limpeza contém moléculas que ajudam a dissipar as cargas elétricas, reduzindo a atração entre o glitter e o tecido.
Segundo Molina, do Curso Anglo, seria possível também diminuir a eletrização das partículas aumentando a umidade do ar com um umidificador.
“Além disso, caso o glitter esteja aderido à oleosidade da pele, substâncias surfactantes, como sabão ou detergente, podem facilitar sua remoção”, diz.
Um aspirador potente com bocal de escova ajuda a puxar as partículas soltas sem gerar atrito — e, portanto, sem criar mais carga estática.
Depois de aspirar, uma dica é usar fita adesiva para capturar o que restou. Ela é eficiente para partículas planas e leves como o glitter.
O segredo, no fim, não é força, e sim estratégia física e química. Ou, mais fácil ainda: talvez a melhor solução de todas seja não provocar ninguém que tenha um pote de glitter a seu alcance.

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